Callejero [Portuguese translation]
Callejero [Portuguese translation]
Era um vadio por direito próprio,
A sua filosofia da liberdade
Foi obter a sua sem coartar a doutros
E jamais passar por cima de ninguém.
Embora pertenceu a tudos, nunca teve dono
Que limitara a sua razão de ser.
Livre qual o vento era o nosso cão;
Nosso e da rua que viu-o nascer.
Era um vadio com o sol nas costas,
Fiel à sua sina e à sua vontade,
Sem ter horário nenhum para tirar uma soneca
Nem justificar nente à alvorada.
Era o nosso cão, e era a meiguice
Da que precisamos cada dia mais;
Era uma metáfora da aventura
Que, no dicionário, não pode-se encontrar.
Era o nosso cão porque aquilo que amamos
O consideramos a nossa propriedade;
Era das crianças e do velho Paulo,
A quem salvava da sua solidão.
Era um vadio e era essa figura
Que tem as portas abertas em qualquer lar;
Era, no nosso bairro, parte da paisagem,
como o policial, o padre e todos os outros.
Era o vadio das coisas formosas
E levou-as com ele quando partiu.
Bebeu de súpeto todos os lumieiros,
Adormeceu-se e já não acordou.
Deixou-nos o espaço inteiro no seu testamento
Cheio de saudade, cheio de emoção
Vaga a sua lembrança pelos nossos sentimentos
Para os entornar nesta canção.
- Artist:Alberto Cortez
- Album:Ni poco ni demasiado (1973)